>2007
>Do Robots DreamOf Electric Art? Do Robots Dream Of Electric Art? Three moving-head robots are aparently carving a drawing on the wall with red laser beams. Installation at Fundação EDP, Museu da Electricidade, Lisbon, Portugal September 28th, November 25th, 2007. 10 AM > 01 AM, closes Mondays Curated by João Pinharanda Do Robots Dream Of Electric Art? on YouTube Disco Wall Painting text by João Lima Pinharanda Three "disco"
robots (of the "moving heads" variety) trace upon the grey wall
the precarious outline of a human being - probably a male. On the other hand,
the robots are equally beings of a new kind which seem to collaborate
here in a remake: in a joint action, they draw an ancient being that preceded
them in time, a being that conceived them, a human. The role played by these robots takes the form of a transferred regression: they are not evoking what they themselves were, but what the men who designed them were once. This piece by Miguel Soares fictionalises the appropriation, by robots, of a founding memory of humankind. That memory does not belong to them: have the beings that created them inserted it, inadvertently or unconsciously, into their programming? We do not know. Anyway, these "created" beings have appropriated some secret file of human reminiscences which probably has survived and may always be deciphered under all the layers of subsequent technological and digital (in)formation. The title of this piece by Miguel Soares evokes one of the most effective projections of mankind's fear regarding their own creations, from its Romantic incarnation as Frankenstein's Monster to the post-modern androids of Philip K. Dick (Do Androids Dream of Electric Sheep?, 1968, where Miguel Soares found his title) and Ridley Scott (Blade Runner, 1982). This artist's vast
body of work, which comprises installation and video along with the construction
of mechanical and electronic objects, not forgetting the composition of
digital images or synthesised sounds, culminates here in the most extreme
of metaphors: the automata's possibility of autonomous action and awareness
has led them to resume the evolutionary cultural line of mankind, their
original creators. Returning to a logic of caves as iconographic sanctuaries,
these "disco" robots paint/engrave a human image on the walls
available to them. And their action is charged with the same ambiguity
already described by the historians of the Palaeolithic age: the model
used is not necessarily the animal used as a basis for daily sustenance;
it may be the most venerated, the one whose capture does not stem from
an act of physical survival but from a will to cultural endurance, aggregating
the group's identity and catalysing its social communion. invitation Portuguese Version A peça de Miguel Soares ficciona a apropriação, pelos robots, de uma memória matricial da humanidade. Essa memória não lhes pertence: os seres seus criadores fizeram-na passar inadvertida ou inconscientemente para os programas? Não sabemos. Seja como for, os seres "criados" apropriaram-se de um qualquer ficheiro secreto de reminiscências humanas. E, regressando à lógica das cavernas como santuários iconográficos, estes robots "de discoteca", pintam/gravam uma esquemática imagem humana nas paredes. A sua acção carrega-se da mesma ambiguidade detectada pelos historiadores do paleolítico: pode não ser imediatamente o animal de que se necessita para o sustento diário aquele que se desenha; pode ser o que mais se venera, aquele cuja captura não resulta de um acto de sobrevivência física mas de uma vontade de sobrevivência cultural; um agregador da identidade e catalizador da comunhão social do grupo. A verdade é que se trata sempre de evocar (antecipar ou celebrar) uma caçada. Pintura Mural de Discoteca Três robots
"de discoteca" (do tipo moving heads) desenham na parede cinzenta
a silhueta precária de um ser humano - provavelmente do sexo masculino. Por outro lado, os
robots são seres também de um novo tipo que igualmente parecem
participar aqui num remake: na sua acção conjunta desenham
um ser antigo, que os precedeu no tempo, um ser que os concebeu, um humano.
O título desta obra de Miguel Soares remete para uma das mais eficazes projecções dos receios da humanidade em relação às suas próprias criações. Tal receio vem do Frankenstein romântico e passa pelos andróides pós-modernos de Philip K. Dick ("Do Androids Dream of Electric Sheep?", 1968, de onde Miguel Soares retira o seu título)/Ridley Scott ("Blade Runner", 198??). A vasta obra do artista,
utilizando a instalação e o vídeo, a construção
de objectos, mecânicos e electrónicos, a composição
de imagens digitais ou sons electrónicos culmina aqui na mais extrema
metáfora: a possibilidade de autonomia de acção e
consciência dos autómatos leva-os a retomar a linha cultural
evolutiva da própria humanidade que os criou. Lisboa, 12 de Setembro
de 2007 |