2048, Galeria Graça Brandão, Lisbon (exhibition)
MIGUEL SOARES 2048
June 24 – July 30
Galeria Graça Brandão Lisboa
Rua dos Caetanos, 26
Lisbon
Inauguração | Opening
24.06.2016
das 19h00 às 23h00 | from 7pm to 11pm
(scroll down for english version)
Faz este ano quinhentos anos a primeira edição de “Utopia” de Thomas More, relato de um viajante português descrevendo uma ilha ficcionada onde pareciam ter sido resolvidos os principais problemas da sociedade de então.
No projecto agora apresentado na Galeria Graça Brandão, Miguel Soares simula momentos num hipotético futuro próximo, pegando em certas ideias retiradas da “tradição utópica” portuguesa (Camões, António Vieira, Pessoa), da teoria das Três Idades de Joaquim de Fiore, da utopia de More, ou ainda de elementos da escatologia de algumas das principais religiões, fundindo-as com ideias mais recentes como a da Singularidade Tecnológica (Stanislaw Ulam, Vernor Vinge, Ray Kurzweil), ou a da Hipótese da Simulação (Trilema de Bostrom) que terá raízes anteriores, na Alegoria da Caverna de Platão, por exemplo.
A progressiva automatização e substituição do trabalho humano pelo de máquinas poderá um dia libertar o ser humano, tornando todo o sistema económico, político e até a própria ideia de Estado desnecessários?
A Singularidade Tecnológica sugere que entre 2040 e 2045 o futuro desenvolvimento da Inteligência Artificial poderá dar origem ao início de um movimento exponencial em que máquinas constroem outras máquinas cada vez mais perfeitas, numa progressão que escapará à compreensão imediata do ser humano. Pouco depois, em 2048 será o centenário de “1984″ de George Orwell. Segundo esta proposta de Miguel Soares, apresentada através de uma animação vídeo e um conjunto de imagens, este movimento criaria uma espécie de “máquina do mundo” capaz de cuidar e alimentar cada ser humano e gerir os recursos do planeta.
Será o capitalismo e a competição apenas uma ferramenta, a única, para chegar a tal porto? Poderia esta sucessão de eventos dar origem a um salto evolutivo no ser humano, permitindo por exemplo, a cada pessoa encontrar a sua vocação natural?
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This year is the 500th anniversary of the first edition of Thomas More’s Utopia, the account of a portuguese traveller who describes a fictional island where the major problems of the society of the epoch seemed to have been resolved.
In his project at Galeria Graça Brandão, Miguel Soares simulates moments of a hypothetical nearby future, borrowing certain ideas from More’s Utopia and Joachim of Fiore’s Three Ages, as well as from the Portuguese “utopic tradition” (Luís de Camões, António Vieira, Fernando Pessoa); together with elements taken from the eschatology of some of the main religions, assembling them with the more recent ideas of Technological Singularity (Stanislaw Ulam, Vernor Vinge, Ray Kurzweil), and the Simulation Hypothesis (Bostrom’s trilemma), which has ancient roots in Plato’s Allegory of the Cave.
Will the progressive automation and replacement of human labour by machines be capable of setting the human being free, rendering obsolete the entire economical and political systems, and even the conception of State?
The Technological Singularity suggests that between 2040 and 2045 the future development of Artificial Intelligence may originate an exponential event in which machines build other, more perfect machines, in a progression that will evade human beings’ immediate understanding. Soon after, in 2048, it will be the centenary of George Orwell’s 1984. According to Miguel Soares’ proposal, articulated around an animation video and a set of images, this movement will create a sort of “machine of the world” capable of looking after and nourishing each human and managing the resources of the planet.
Is capitalism and competition only a tool, the only tool, to reach such goal? Could this succession of events generate an evolutionary leap in the human being, allowing for each person to find, for instance, their natural vocation?